

O que é Hipnose Ericksoniana? Definição e História
História e Etimologia da Hipnose
A Hipnose Ericksoniana é um método de hipnose indireta nomeado em homenagem ao Dr. Milton H. Erickson. Psiquiatra e psicólogo americano de destaque, Erickson é amplamente reconhecido como o “pai da hipnoterapia”. Suas descobertas influenciaram uma ampla gama de abordagens terapêuticas, desde a terapia familiar estratégica até a programação neurolinguística (PNL). O Dr. Erickson descobriu que sugestões indiretas podiam gerar mudanças comportamentais terapêuticas. Ele preferia conversar com seus clientes usando metáforas, contradições, símbolos e anedotas para influenciar seus comportamentos, ao invés de ordens diretas. Como paciente que sofreu dores intensas após contrair poliomielite ainda jovem, ele considerava essencial “colocar-se no lugar do paciente” e realmente compreender sua situação atual. Diferente de Freud — que encorajava a exploração do passado — Erickson adotava uma forma de terapia breve, onde a história pregressa do paciente não era o foco da mudança. Recordando uma conversa com um paciente com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), que tomava até doze banhos por dia, Erickson optou por perguntar sobre o presente, e não sobre o passado. Especificamente, perguntava sobre o processo: “Você começa lavando o pescoço para baixo, ou começa pelos pés e vai subindo? Ou começa pela cabeça e desce?”. Fazia questão de mostrar ao paciente que estava realmente interessado. O paciente, que já havia feito cinco anos de psicanálise tradicional, foi rapidamente curado com a hipnose ericksoniana.
A palavra “hipnotismo” foi cunhada por um cirurgião escocês chamado James Braid. Em uma carta à revista The Lancet, datada de 1845, Braid declarou: “Adotei o termo ‘hipnotismo’ para evitar ser confundido com aqueles que sustentam ideias extremas, assim como para me desvincular da teoria errônea sobre um fluido magnético ou qualquer influência exotérica sendo a causa do sono. Declarei distintamente que o hipnotismo não reivindica produzir nenhum fenômeno que não seja ‘plenamente compatível com princípios fisiológicos e psicológicos bem estabelecidos’.” Braid se referia a um grupo francês de magnetistas, que já usava os termos “hypnotique”, “hypnotisme” e “hypnotiste” desde a década de 1820.
A Mente Inconsciente
Braid definiu o hipnotismo como um estado de foco extremo. No entanto, Erickson sabia, por experiência, que pacientes com dor física ou emocional geralmente não conseguem se concentrar. Por isso, induções rápidas de hipnose tendem a ser resistidas e fracassam. Erickson acreditava que estados de transe ocorrem todos os dias, em diferentes intensidades — por exemplo, quando a mente vagueia durante o trajeto para o trabalho, em reuniões ou durante devaneios. Atletas também entram em transe, em estados conhecidos como “flow” ou “barato do corredor”. Mesmo que o paciente não esteja em transe profundo, Erickson acreditava que a mente inconsciente ainda podia estar ouvindo. Ele fazia sugestões indiretas que, percebidas ou não pelo paciente, levavam à mudança terapêutica. Com seu humor característico, Erickson também utilizava piadas e trocadilhos sutis em suas conversas clínicas. Mas isso não era apenas para aliviar a tensão em casos de vício ou distúrbios graves — era uma estratégia intencional. Ao surpreender o paciente, ele abria espaço para que a mente inconsciente se tornasse receptiva à mudança — o que se conecta à sua famosa técnica de confusão.
Hipnose Indireta vs. Direta
A hipnose indireta é uma abordagem sutil e respeitosa que utiliza linguagem corporal, histórias, metáforas e outras técnicas para melhorar os resultados clínicos. Erickson defendia esse método como mais ético e eficaz do que a hipnose direta. Já a hipnose direta dá ordens explícitas, como “Você vai dormir agora” ou “Você vai parar de fumar”. Embora poderosa, ela tende a encontrar resistência — sendo mais adequada para autohipnose. Comparação: Hipnose Tradicional: # Autoritária # Direta # Provoca resistência Abordagem Ericksoniana: # Permissiva # Indireta # Acolhe e adapta Exemplo: 👉 Direta: “Você vai perder peso.” 👉 Indireta: “Talvez você deseje conversar sobre alternativas à comida, se estiver pronto para isso.” A hipnose direta pode ser embaraçosa, pois o paciente percebe que o terapeuta está tentando induzi-lo ao transe — o que gera medo e resistência. Já na hipnose indireta, o paciente escolhe que sugestões seguir, sentindo-se empoderado no processo. Erickson acreditava que não se pode forçar a mente inconsciente. Metáforas, símbolos e ambiguidades criam brechas para mudanças genuínas — com o consentimento do paciente.
O Modelo Milton
Richard Bandler e John Grinder, criadores da PNL, estudaram os terapeutas mais eficazes do mundo. Ao modelarem Erickson, desenvolveram o chamado “Modelo Milton”, um conjunto de padrões linguísticos usado para criar rapport, induzir transe e facilitar mudanças. O Modelo Milton se concentra em três pilares: 1. Rapport – conexão empática com o cliente, incluindo espelhamento corporal sutil. 2. Sobrecarga da atenção consciente – uso de linguagem vaga para distrair a mente consciente e acessar a inconsciente. 3. Comunicação indireta – o cliente não é confrontado diretamente; sugestões são oferecidas de forma permissiva e fluida. Enquanto a Fundação Ericksoniana evita associação com a PNL, escolas como a BHRTI defendem que as técnicas da PNL inspiradas em Erickson devem ser ensinadas dentro do contexto hipnótico original, e não como ferramentas isoladas.
Sobre Milton H. Erickson
Erickson cresceu em uma fazenda no Wisconsin, nos EUA. A influência desse ambiente rural é clara nas metáforas que usava em terapia. Aos 17 anos, foi acometido por poliomielite e ficou completamente paralisado, apenas podendo mover os olhos. Durante sua longa recuperação, aprendeu a observar minuciosamente a linguagem corporal e os padrões inconscientes dos outros. Esse período foi essencial para seu futuro como terapeuta. Após se formar em psicologia e medicina, trabalhou em diversos hospitais até se tornar diretor clínico na Universidade do Arizona, em 1948. Um ano depois, deixou o cargo para abrir seu consultório, em parte por causa das limitações físicas impostas pela paralisia. Serviu como consultor do governo dos EUA e da equipe olímpica de tiro. Embora já fosse respeitado na comunidade clínica, só ganhou fama mundial em 1973, com o lançamento do livro Terapia Incomum, de Jay Haley. Erickson continuou dando seminários até sua morte em 1980, deixando um legado que até hoje transforma a prática clínica e a arte de comunicar com a mente inconsciente.
Hipnose na Odontologia
A hipnose na odontologia utiliza sugestões e foco atencional para ajudar os pacientes a lidarem com a dor, a ansiedade e outros desafios durante os procedimentos odontológicos. É particularmente eficaz na odontopediatria, onde pode reduzir o medo e promover a cooperação, e no manejo de fobias e ansiedades odontológicas em adultos. A hipnose também pode ser usada para potencializar a eficácia da anestesia local e reduzir complicações pós-operatórias.
Hipnose na Odontologia:
Controle da Dor:
A hipnose pode ajudar os pacientes a tolerarem os procedimentos odontológicos ao induzir um estado de relaxamento e reduzir a percepção da dor.
Redução da Ansiedade:
Pode ser usada para aliviar a ansiedade e fobias odontológicas, tornando as consultas mais confortáveis e manejáveis.

Modificação de Comportamentos:
A hipnose pode ajudar os pacientes a superarem hábitos como roer unhas ou reflexo de vômito, que podem interferir no tratamento odontológico.
Melhoria da Anestesia Local:
A hipnose pode reduzir a quantidade de anestésico local necessária ou melhorar sua eficácia.
Redução de Complicações Pós-Operatórias:
Alguns estudos sugerem que a hipnose pode contribuir para uma cicatrização mais rápida e menor inchaço.
Hipnose em Crianças:
Superando o Medo de Dentista:
Crianças são frequentemente mais receptivas à sugestão hipnótica devido à sua imaginação vívida, o que facilita a indução de relaxamento e a redução da ansiedade.
Facilitação do Tratamento:
A hipnose pode ajudar as crianças a cooperarem durante os procedimentos, reduzindo a necessidade de contenções físicas ou sedação.

Experiências Positivas no Consultório:
Ao criar uma experiência positiva e confortável, a hipnose pode ajudar as crianças a desenvolverem uma atitude mais favorável em relação ao cuidado odontológico.
A Arte da Sugestão:
Pistas Verbais e Não Verbais:
Hipnotistas utilizam uma variedade de técnicas, incluindo tom de voz, linguagem corporal e imagens mentais, para guiar os pacientes a um estado hipnótico.
Técnicas de Indução:
As técnicas mais comuns incluem relaxamento progressivo, imaginação guiada e foco em um objeto ou sensação específica.

Sugestões Pós-Hipnóticas:
São sugestões dadas durante o transe que podem ser ativadas posteriormente para influenciar comportamentos ou sensações.
Considerações Importantes:
Treinamento e Ética:
É fundamental que os dentistas recebam formação adequada em técnicas de hipnose para garantir uma aplicação ética e eficaz.
Susceptibilidade Individual:
Nem todos os pacientes respondem da mesma forma à hipnose; alguns podem precisar de mais tempo ou de abordagens alternativas.

Potenciais Riscos:
Embora geralmente segura, a hipnose pode, ocasionalmente, causar ansiedade caso o paciente saia inesperadamente do estado hipnótico.
Resumo:
A hipnose na odontologia oferece uma abordagem valiosa e não farmacológica para o manejo da dor, da ansiedade e de outros desafios — especialmente em pacientes pediátricos e fóbicos. Ao compreender os princípios da sugestão e utilizar técnicas apropriadas, os dentistas podem elevar a qualidade do atendimento e proporcionar experiências mais positivas aos seus pacientes.
O QUE VOCÊ VAI APRENDER NA SUA
Formação Clínica em Hipnose Odontológica Ericksoniana
Bloco I – Fundamentos e História
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Evolução da hipnose
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Legado de Milton Erickson
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Princípios: rapport, metáforas, utilização
Bloco III – Aplicações Clínicas
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Controle de dor e ansiedade
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Reflexo de gag e fobias
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Protocolos para canal, cirurgia e mais
Bloco II – Linguagem e Técnicas
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Induções: confusão, fixação, levitação
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Milton Model e linguagem permissiva
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Modelo ARE e Diamante Ericksoniano
Bloco IV – Ética e Projeto Final
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Consentimento e limites legais
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Protocolo clínico e ficha de atendimento
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Apresentação final com banca
DIFERENCIAIS
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Baseado na obra canônica de Erickson
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Ênfase prática com supervisão ativa
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Certificação com padrões internacionais

Sobre o Instrutor
Charton Baggio é especialista internacional em hipnose ericksoniana, com mais de 30 anos de experiência e com formação nos EUA, Argentina e Brasil, além de vasta experiência como consultor clínico, palestrante e formador de equipes.
Treinou com

Tony Robbins

Robert Dilts

Jeffrey Zeig

Nelson Spritzer

Lair Ribeiro
... entre muitos outros!



